domingo, 14 de outubro de 2007

Síntese do XXX Congresso Nacional do PSD

O XXX Congresso do PSD, que hoje terminou em Torres Vedras, consagrou Luís Filipe Menezes como o primeiro líder do partido escolhido em disputa eleitoral directa com outro candidato.
Durante três dias quase não se ouviram vozes dissonantes, apenas alguns "avisos à navegação" como o de José Pedro Aguiar-Branco, que disse que "um dia" poderá estar disponível para se candidatar à liderança, e de Pedro Passos Coelho, que defendeu que o PSD terá de saber primeiro para que quer ser governo antes de o disputar ao PS.
Apesar de Marques Mendes não ter comparecido no congresso, vários apoiantes seus nas directas fizeram questão de estar presentes, tendo alguns deles, como Zita Seabra (que será vice-presidente), aceite mesmo cargos oferecidos por Menezes.
O congresso, onde não se registou a tensão de outros conclaves social-democratas devido ao novo modelo em que o líder já chega eleito, ficou marcado por alguns episódios de maior mediatismo, como aquele em que Menezes convidou Manuela Ferreira Leite para se manter como presidente da Mesa do Congresso.
A resposta foi dada horas depois por Ferreira Leite no mesmo palco, frente a todos os congressistas, e redundou num "não", em nome da renovação.
Grande parte das intervenções, no púlpito do congresso ou nos corredores aos jornalistas, iam no sentido da unidade e da pacificação do PSD após o conturbado processo eleitoral, numa fórmula resumida de forma metafórica por Zita Seabra: "quando se perde não se leva a bola para casa".
Nas suas intervenções, Menezes foi definindo algumas das chaves-mestras ideológicas que vão marcar o seu consulado, como a defesa de uma nova Constituição - uma proposta que já mereceu a adesão de vários nomes, como o deputado Paulo Rangel e o líder do PSD/Madeira, Alberto João Jardim, crítico há anos do actual regime constitucional.
Menos consensual foi a proposta de calendarizar o processo de regionalização, contra a qual se levantaram no palco do congresso as vozes de Manuela Ferreira Leite e de Miguel Relvas.
A proposta de nova Constituição não foi o único momento em que Jardim se deixou encantar pelas ideias de Menezes: hoje, no discurso de encerramento, o novo líder afirmou que as autonomias regionais devem abarcar todas as áreas menos as de soberania directa do Estado, enquanto o líder madeirense acenava que sim com a cabeça.
Menos feliz - mas alegando que a sua infelicidade se devia a uma constipação - parecia Pedro Santana Lopes, que, contrariando todas as expectativas, criadas por si próprio, não interveio no congresso.
Santana Lopes entrou no congresso como putativo candidato à liderança parlamentar do PSD, na sequência de um acordo de colaboração institucional com o líder do partido que o próprio Menezes, já durante o fim-de-semana, garantiu desconhecer.
Entretanto, o tabu sobre quem irá liderar o grupo parlamentar permanece.
Apesar de ninguém assumir uma oposição directa à nova direcção, a lista ao conselho nacional encabeçada por Castro Almeida e conotada com os mendistas conseguiu eleger 17 dos 55 membros do conselho nacional, apenas menos três do que Menezes.
A lista encabeçada por Pedro Duarte, que Pedro Passos Coelho assumiu apoiar, conseguiu eleger nove membros do conselho nacional.
No conselho de jurisdição nacional, Menezes conseguiu eleger cinco dos seus nove membros.
Face à recusa de Ferreira Leite em continuar na Mesa do Congresso, este cargo é a partir de hoje ocupado por Ângelo Correia, mandatário nacional de Menezes na campanha para a liderança, que presidirá por inerência ao conselho nacional.
MSP/VAM/FYC
Lusa/Fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Quanto à regionalização, Menezes teve entrada de leão e saída de sendeiro.
Uma moção (de António Proa) contra a regionalização e a favor do municipalismo, a intervenção do mesmo a afirmar ser um erro para o PSD, Manuela Ferreira Leite a criticar abertamente a defesa da regionalização e Miguel Relvas outro crítico, foram o bastante para que Menezes mudasse de ideias